20100127

Porto, Portugal Uma mulher difusa tosse no metro. A cada ataque, enrola-se mais num casaco de penas de ganso. De quando em quando pára, envelhece, e dá um beijo infectado a um homem sentado em frente a ela. As estações passam e ela é já uma almofada de penas, no banco. Já não tosse, aninha. Um bico ocre vigoroso desponta da farta penugem branca. Na Lapa, um telemóvel toca. Assustada, levanta voo arrastando, enrodilhados, um ror de cachecóis de várias cores. No cais, um caçador de faisões toma-a por uma dessas aves de mesa, e dispara. Mais tarde, ao jantar, o único filho do caçador começa a tossir e a embelezar-se com as penas coloridas do faisão.

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